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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Motoclubismo: Realmente começou como dizem ?

Há muito tempo, nos dizem que o início dos moto clubes foi lá pelos idos do fim da 2ª guerra mundial, pois havia um excesso de motocicletas Harley-Davidson que foram fabricadas para as forças armadas americanas e, que os ex-combatentes americanos necessitavam manter a adrenalina da guerra, etc, etc, etc... E, assim, surgiram os primeiros moto clubes.

Então, vejamos o que diz a história.

"Este texto não tem a intenção de ser a última e derradeira verdade sobre o onde, o como e o quando teve início o motoclubismo, mas, sim, situar melhor esta questão na história do motociclismo. Se você tem conhecimento de algum fato que foi ou não foi relatado aqui e que não condiz com a verdade, fique à vontade para enviar a sua contribuição para: webmaster@turmadaamizademc.com.br"

O MOTOCLUBISMO

O crescimento do interesse sobre as motocicletas teve início por volta da virada do século XX. Desde o início, ela já despertava o instinto de liberdade e, não demorou muito, para que esses primeiros motociclistas percebessem as vantagens de andar em grupo, apesar do ato de andar de moto ser inevitavelmente um ato solitário. Na primeira década do século XX já se organizavam as primeiras corridas de motos, aumentando consideravelmente o interesse e a admiração por este novo meio de transporte e, conseqüentemente, a criação de clubes que nada mais eram que entidades sociais de indivíduos, que se reuniam, para andar de moto.

O PRIMEIRO MOTO CLUBE DO MUNDO

No final dos anos 1800, um camarada chamado George Eller que morava em Nova Yorque , USA, vivia pedalando por lá com a sua galera. Esse grupo chamava-se Yonkers Bicycle Club, isso mesmo, um clube de bicicletas.

Com o lançamento das primeiras Harley Davidson, o pessoal do Yonkers Bicycle Club não teve dúvidas e passou das bicicletas para as motocicletas.

Neste ponto, em 1903, nasce o Yonkers Motorcycle Club (www.yonkersmotorcycleclub.net) o primeiro moto clube americano com George Eller sendo apontado como o primeiro presidente de moto clube da face da terra. Pela data da sua fundação estar situada no início do século XX, acredito que podemos considerar o Yonkers Motorcycle Club como sendo o primeiro e mais antigo moto clube da história e, conseqüentemente, os pais do motoclubismo, pois não conseguimos identificar moto clubes, nesta época, fora dos EUA ou mais antigos que eles.

JACKPINE GYPSIES MOTORCYCLE CLUB

Outro clube que podemos considerar importante na história do motoclubismo é o Jackpine Gypsies Motorcycle Club (www.jackpine-gypsies.com). Eles iniciaram as suas atividades em 1936 (Portanto, antes do início da 2º guerra mundial) e, em 1937, tornou-se membro oficial da AMA (American Motorcycle Association).

BOOZEFIGHTERS MOTORCYCLE CLUB

O Boozefighters Motorcycle Club (www.bfmcnatl.com) foi formado, aí sim, por um pessoal que acabara de retornar para casa com o fim da segunda guerra mundial. "Wino" Willie Forkner (Falecido em 1997) é reconhecido como o seu fundador. O Boozefighter Motorcycle Club foi o moto clube protagonista dos eventos da cidade de Hollister, na Califórnia em 04 de julho de 1947, e foi imortalizado pelo filme "The Wild One" estrelado por Marlon Brando (Assista este filme e você vai entender melhor a história).

HELLS ANGELS

Toda esta história não pode deixar de passar pelo HELLS ANGELS (www.hells-angels.com.br), fundado em 1948 na cidade de Fontana estado da Califórnia, USA. Veja a história completa no site.

O PRIMEIRO MOTO CLUBE NO BRASIL

A primeira associação de motociclistas do Brasil é o Motoclub do Brasil, cuja sede ainda existe no Rio de Janeiro na Rua Ceará e que foi fundado em 1927.

Depois, por ordem de fundação, vieram o Motoclub de Campos (RJ - 1932), o Moto Clube de Petrópolis (RJ - Fundado em 13 de Março de 1947 e registrado em 15 de Maio de 1951), o Zapata Moto Clube (SP - 1963), o Balaios Moto Clube (RJ - 1969) e, considerado o maior do Brasil, o Abutre´s Moto Clube - Raça em Extinção (SP - 1989).

É conveniente ressaltar que há outros clubes que não podemos precisar as datas de fundação , mas que também existiram ou ainda existem como o Piratininga Moto Clube e o Centauro Moto Clube.

Caso você tenha alguma informação a respeito destes clubes pedimos que nos envie para atualizarmos no site.

MAIS HISTÓRIA

Na década de trinta começaram a aparecer nos EUA os primeiros moto clubes com tendências mais rígidas. Nesta época eram produzidas mais de 200 marcas de motocicletas, mas o mercado consolidou apenas três: Harley Davidson, Indian e Excelsior, que respondiam por 90% das vendas da época. Veio a grande depressão devastando a indústria e apenas a Harley Davidson conseguiu sobreviver, apesar de a Indian ter se mantido até 1953 e ter retornado ao mercado na década de 90.

A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Neste ponto, a história como conhecíamos.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, muitos membros das forças armadas americanas foram desmobilizados e não conseguiram se readaptar à vida da sociedade "normal". Era deprimente para eles, a rotina de trabalho, família, hipotecas, faculdades e etc. Acostumados com a adrenalina, depois de tanto tempo vivendo no limite e ao mesmo tempo querendo desfrutar ao máximo a liberdade e o próprio fato de estarem vivos de volta ao seu país, aos poucos foram se reunindo e encontraram na motocicleta o meio para satisfazer seu estilo de vida ideal. As motocicletas estavam baratas, vendidas como excesso de material nos leilões militares. Logo esses indivíduos passaram a compartilhar os fins de semana, mas aos poucos quando chegava a segunda-feira, nem todos iam para casa, transformando o clube de motocicletas do fim de semana em uma família em tempo integral.

Na Califórnia, os veteranos formaram centenas de pequenos moto clubes como: Pissed of Bastards, Jackrabbits, 13 Rebels e os Yellow Jackets. Os seus membros usavam suéteres do clube e rodavam juntos nos fins de semana. Lentamente formalizaram os escudos e as cores que passaram a defender com sua honra, adaptando a hierarquia militar em uma estrutura de irmandade, subliminada sob os cargos eletivos das associações. Alguns clubes pré-existentes se readaptaram facilmente a esta nova filosofia, outros simplesmente desapareceram, o que não aconteceria no Brasil. Os clubes brasileiros não se adaptaram, continuando como associações ou se extinguindo.

A AMA logo percebeu que a guerra havia exposto muitos americanos às motocicletas e que os veteranos voltaram com experiências fantásticas em cima das Harley Davidson WA45, experiências estas, que eles fariam de tudo para continuar vivenciando. Ansiosa em manter estes novos motociclistas, a AMA passou a organizar competições, viagens e gincanas com um entusiasmo renovado. Entretanto a guerra não foi o exercício mais saudável para a mente dos que combateram no front e, estes novos motociclistas, farreavam muito mais que os motociclistas tradicionais. Sua rotina se resumia quase sempre a festas, disputas, bebedeiras e, inevitavelmente, as brigas. A população tolerava esses excessos porque os motociclistas tinham a seu favor o fato de terem defendido seu país na guerra, apesar de tudo isso estar sendo financiado pelas pensões do governo, o que posteriormente pesaria contra os veteranos quando, saindo da depressão, a América tentava otimizar seus custos com o apelo do apoio da população.

A INFLUÊNCIA DA MÍDIA

Foi em Hollister, Califórnia, que o mito da marginalidade se concretizou. Um fim de semana negro era o que faltava ao puritanismo americano e à mídia sensacionalista para taxar os motociclistas de foras da lei e os moto clubes, leia-se Boozefighter Motorcycle Club, de gangues. Neste período a polícia e os comerciantes criaram uma serie de alternativas nos locais onde eram realizados os encontros para contornar esta aclamada rebeldia, tais como fechar duas horas mais cedo e até deixar de servir cerveja. Os jornais estampavam manchetes sensacionalistas como "Revoltas... motociclistas assumem cidade" e "Motociclistas destroem Hollister". Até a Revista Life estampou uma fotografia de página inteira de um motociclista em uma Harley , com uma cerveja em cada mão. A AMA se viu diante de um pesadelo e denunciou o Boozefighter Motorcycle Club, culpando-os pelos incidentes e tentando mostrar a sociedade que todos os motociclistas não poderiam ser culpados pelo vandalismo de um único moto clube.

Com o passar do tempo, ficou cada vez mais difícil separar os mitos da realidade. Quando Hollywood dramatizou o fim de semana de Hollister no filme de 1954 "The Wild One" com Marlon Brando, qualquer esperança de salvar a imagem dos motociclistas estava perdida. Os críticos pareciam incapazes de passar a idéia de que era puramente um filme sobre violência. Na realidade, há muito pouca violência pública no filme "The Wild One", se comparado a muitos filmes de guerra da mesma época. O que parece ter perturbado os críticos era o fato de que a violência das jaquetas de couro estava de mãos dadas com a sexualidade, contra a autoridade do puritanismo da época.

Somente decorridos cinco meses dos acontecimentos de Hollister, foi que algumas cidades concordaram em permitir que a AMA promovesse novamente um encontro de motociclistas e, ao contrário do que os puritanos e a policia esperavam, tudo aconteceu em paz e os comerciantes locais abriram suas portas para receber os motociclistas. Mas a mídia sensacionalista e principalmente a revista Best ainda insistiam em mostrar os motociclistas como bêbados ou sociopatas.

O que Hollywood conseguiu, foi incentivar verdadeiros predadores a criarem moto clubes e constituir verdadeiras gangues, o que fez da década de 50, uma página negra na história do motociclismo e do motoclubismo. Nasce nesta época também a rivalidade entre alguns clubes e o senso de território.

As motos eram em sua grande maioria HD's e passaram a ser despojadas de tudo que não fosse essencial: velocímetro, lanternas, espelhos e banco de carona. Com isso ficavam mais leves e ágeis. Esse estilo de moto ficou conhecido como Bobber, que mais tarde deu origem às chopper, que eram as Bobber modificadas para viagens: com frente alongada, banco com encosto e santoantonio.

A moto passou a ter grande importância como sendo um complemento da personalidade de seu dono, e como as modificações eram sempre feitas pelos próprios motociclistas, não havia assim duas motos iguais.

DE 1950 ATÉ HOJE

A década de 50 também ficou marcada como a década de expansão dos moto clubes americanos para outros países.

A década de 60 foi fantástica para o movimento motociclistico. As motocicletas voltaram a ser tema de Hollywood, Elvis Presley com o filme Roustabout e Steve McQueen com A Grande Fuga, alavancaram uma série de filmes sobre o tema que chegou ao seu auge com Easy Rider. Finalmente vislumbra-se uma mudança na imagem do motociclista com o início da fase romântica do motociclismo, que perdurou até o final da década de 70. Este período fixou o motociclista como ícone de liberdade e resistência para o sistema. Segundo as pesquisas, em 1969, nasce no Rio de Janeiro, o primeiro moto clube brasileiro que seguia a nova estrutura de hierarquia e irmandade dos moto clubes internacionais, o Balaios Moto Clube.

O Vigilante Rodoviário, série produzida pela TV Tupi entre 1961 e 1962, alimentava a imaginação aventureira de jovens e adultos. A década de 70 viu a disseminação dos moto clubes pelo mundo, alguns se mantiveram fieis às Harley Davidson e, outros, se adaptaram a outras motos já que, nesta década, as motos japonesas começaram a dominar o mercado mundial. A instalação de montadoras japonesas aqui pelas bandas Tupiniquins e a lei que limitava a importação de motos tornou muitos motociclistas e os poucos moto clubes existentes, verdadeiros heróis, que padeciam sob um retardo de quase 60 anos na história do motociclismo mundial.

A partir do final da década de 60, iniciou-se o movimento de moto clubes dentro destas novas normas de conduta e irmandade. Os 60 anos de atraso foram diluídos pelas décadas de 70 e 80. Vivenciamos então a fase romântica de encontros onde, o único prazer, era viajar para estar com os amigos ao lado de uma fogueira falando sobre motos, viagens e outras coisas.

Apesar de tudo, passamos também por outras fases, que culminaram com a popularização do estilo no Brasil a partir de 1996, quando inúmeros moto clubes foram criados. Neste período, outra série de filmes como: A sombra de um disfarce e A vingança do justiceiro insistia em denegrir a imagem do motociclista.

Muitos fatores levaram a esta popularização: O crescente aparecimento de moto clubes na mídia especializada ou não, desfazia aquela aura de mistério e medo. Com a liberação da importação e as fábricas japonesas pagando royalties a Harley Davidson para copiar seu desenho, a equiparação do dólar ao Real, a abertura de lojas da HD no Brasil, os políticos visando um colégio eleitoral leal e as prefeituras locais buscando ampliar o turismo em suas cidades.

Comercialmente falando, sangue sugas passaram a criar milhares de eventos por ano, que mais parecem festas juninas do que um encontro motociclistico, com o único intuito de ganhar dinheiro no rastro desta popularidade. Isto fez com que a maioria dos moto clubes autênticos, raramente sejam vistos em eventos, passando a organizar cada vez mais viagens exclusivas.

Apesar de tudo, o espírito motociclistico ainda sobrevive no pensamento e na atitude daqueles que compreendem e respeitam seus valores e sua essência.

DOCUMENTÁRIO

Há um tempo, o canal a cabo The History Chanel, passava um programa chamado “Automaníaco” onde, em um de seus capítulos, veiculou um documentário chamado "MOTOS DO INFERNO", onde são mostradas as origens e o nascimento dos primeiros grupos com matérias sobre os Jackpine Gypsies Motorcycle Club, Boozefighter Motorcycle Club e HELLS ANGELS além de outras matérias sobre motociclismo. Se você tem banda larga, procure e baixe Las motos del infierno - (Maravillas Modernas.avi) narrado em castelhano mas perfeitamente “entendível” e é imperdível.

FINALIZANDO

Com esta pesquisa, nós procuramos encontrar como, quando e onde iniciou o motoclubismo no mundo. Pelo que foi relatado, podemos concluir que os ex-recrutas americanos que combateram na 2ª guerra e voltaram para a pátria amada adquirindo motocicletas para manter a adrenalina, etc, etc, etc, com muita certeza, tiveram a sua participação na história dos moto clubes mas, agora com toda a certeza, o motoclubismo não começou com eles.

O texto original: Palco / Carlão (CORVOS MOTO CLUBE)

Enviaram textos, pesquisas, sugestões e incentivos para esta matéria os seguintes amigos virtuais ou não:

Marcos de Oliveira Jr (Grupo CUSP)
caRIOca (Grupo CUSP)
Roberto Mesquita (Grupo CBBRASIL / Grupo CBCHOPPER)
Edson / RS (TRIBOS – Grupo CBCHOPPER)
Roberto Messias (Grupo CBCHOPPER)
Mario César (Grupo CBCHOPPER)
Marçola (Grupo TRICICLOTRIKEBR)

Adaptações de texto e pesquisas: BUDA


Fonte: Turma da Amizade MC (www.turmadaamizademc.com.br)

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